terça-feira, 28 de setembro de 2010

Alguns dizem que é preciso esvaziar a mente. Eu pergunto: como esvaziar o que já está vazio?

Há uma história Zen muito interessante. Certo dia um jovem aspirante pediu ao Mestre Zen que aquietasse sua mente. O Mestre disse:

— “Traga sua mente aqui, entregue-a a mim e eu a aquietarei.”

O jovem saiu procurando pela mente. Onde estaria? Seria pensamentos, memórias? Seria silêncios e quietude? Seria sonhos e pesadelos? Seria feita de palavras, conceitos? Seria apenas a massa encefálica, a matéria? O jovem pensava e não pensava. Cada vez que acreditava ter apanhado a mente, percebia que ela fugia, que já estava em outro pensamento, em outra idéia. Que o próprio conceito se desfazia. Cansado, voltou a procurar o Mestre e disse:

— “Senhor, é impossível apanhar a mente.”

O Mestre disse com alegria:

— “Pois então, já está aquietada.”

O jovem se reverenciou em profunda gratidão, pois pela primeira vez compreendia, que a mente não é algo fixo e constante, mas flui com o fluir da vida, sem que possa jamais se fixar quer em inquietude ou em silêncio, quer em alegria ou tisteza, quer em iluminação ou delusão.

Outra história do século VII na China foi a seguinte: o abade de um grande mosteiro pediu a seus monges que fizessem um poema no qual expressassem sua compreensão dos ensinamentos de Buda. O Chefe dos Monges, muito querido e respeitado pelos seus mais de mil companheiros, escreveu solenemente:

“O corpo é a árvore Bodhi*,
A mente é como um espelho brilhante
Cuide para mante-la sempre limpa
Não permitindo que o pó se assente”

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